quinta-feira, 31 de outubro de 2013

Cabo é punido por não liberar veículo de mulher de coronel em abordagem no trânsito

Mulher dirigia com criança de três anos no colo e sem cinto. Cabo foi transferido para Linhares


Mulher de coronel dirigia com criança de três anos no colo

Ainda de acordo com os documentos, o cabo e um soldado foram até a localidade de Palmeiras, em Guarapari, para recolher um carro que estava abandonado há mais de 15 dias. No caminho, se depararam com um Fusca conduzido por uma mulher e fizeram a abordagem padrão. Ela não portava documentos do veículo e nem pessoal, transportava três crianças menores de idade soltas no carro - com uma de aproximadamente 3 anos em seu colo. A mulher e as crianças não usavam cinto de segurança, além do veículo não estar licenciado.

Durante a autuação, um senhor chegou no local de bermuda e camisa gola polo, como frisa o documento, em um carro oficial. O homem questionou o que estava acontecendo, e após ouvir a resposta do cabo, retornou ao veículo e pegou uma identidade militar e se apresentou ao policial como sendo o coronel Henrique Grecco.

O praça, relata o documento, se portou militarmente ao coronel, que em seguida buscou o celular no carro e ligou para para o tenente-coronel Walace Brandão, então comandante do Batalhão da Polícia Rodoviária (BPRv), solicitando que o veículo fosse liberado do local, ao qual havia sido acionado o guincho para recolhimento em pátio e os procedimentos administrativos.
Foto: Reprodução
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Tenente-coronel Walace Brandão garante que não deu ordem para liberar veículo
O documento relata que os militares do BPRv escutaram a conversa e entenderam que o tenente-coronel não teria liberado o veículo. Nesse momento, o coronel Henrique se dirigiu à sua esposa, a condutora do veículo, e determinou que ela retirasse o Fusca apreendido pelos militares daquele local. O cabo perguntou se esta seria uma determinação, e o mesmo afirmou que sim, e que poderia anotar as providências devidas que ele estava indo embora.

Tenente-coronel nega

Procurado pela reportagem, o então comandante do Batalhão de Trânsito, tenente-coronel Walace Brandão, não quis comentar o ocorrido para não atrapalhar as investigações do caso, que ainda está sendo apurado pela Corregedoria da Polícia Militar. Mas garantiu que não liberou a esposa do coronel Henrique Grecco, para não ferir a lei. “Não liberei. Garanto isso. Para não ferir a legislação. E sei que isso gerou uma série de consequências”, resumiu Walace Brandão.

Desdobramentos

Dias após o ocorrido, o coronel Henrique foi promovido ao Comando e Policiamento Ostensivo Especializado. O cabo, com 16 anos de Batalhão de Trânsito, foi transferido para o interior de Linhares, para o policiamento comum.

Procurado pela reportagem para falar sobre o caso, o presidente da Associação de Cabos e Soldados do Espírito Santo, Cabo Flávio Gava, confirmou a história e afirmou que as denúncias de abusos de poder por parte de altas patentes são frequentes.

A Polícia Militar foi procurada para se pronunciar sobre o caso, mas a assessoria de comunicação informou que a PM só vai se manifestar quando o inquérito for concluído.
Fonte: A Gazeta - Cidade

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