quinta-feira, 31 de outubro de 2013

Tenente-coronel é flagrado tentando furar blitz da Lei Seca em Vitória





Um tenente-coronel da PM foi flagrado tentando furar uma blitz da Lei Seca, na Avenida Nossa Senhora da Penha, em Vitória. Um dos policiais que abordaram o militar registrou o momento. A TV Gazeta teve acesso, com exclusividade, às imagens da blitz e também às gravações do Centro Integrado Operacional Defesa Social (Ciodes), que mostram uma ordem para cancelar a ocorrência do sistema. O caso aconteceu no dia 13 de outubro e está sendo investigado pela própria polícia.

Nas imagens, o motorista questiona aos soldados: "Você sabe que eu sou coronel da polícia, né? Vocês querem me ferrar?".Segundo policiais militares, o tenente-coronel não estava cumprindo serviço, tinha acabado de sair do estacionamento de um boate e foi abordado. Eles suspeitaram que ele estivesse embriagado e  solicitaram a documentação, que foi negada. Minutos depois da abordagem, o responsável pela blitz ligou para o Ciodes.

No áudio, o diálogo aponta que o tenente-coronel deixou o local da blitz e uma ocorrência feita contra ele acabou sendo cancelada por determinação de um major da Polícia Militar. Na primeira ligação, o responsável pela blitz falou com um oficial no Ciodes, que o orientou a ligar para o comandante do batalhão. Às 6h, um dos soldados que abordou o tenente-coronel também ligou para a central da polícia e registrou a ocorrência, mas, oito minutos depois, ela foi cancelada pelo mesmo soldado.

O tenente-coronel, identificado apenas por Dirceu, é assessor jurídico do comandante geral da Polícia Militar, um cargo de confiança. Depois de se negar a passar pela fiscalização, ele foi ao Ministério Público do Espírito Santo (MP-ES) e denunciou os policiais que o abordou e alegou que foi humilhado.

O procurador do MP-ES Sócrates de Souza informou que a Corregedoria da Polícia Militar deveria ter sido acionada e que o tenente-coronel agiu errado. "A sensação que fica é de que ele está acima da lei e exerce a hierarquia sobre seus subordinados. O MP entende que a corregedoria deveria ser acionada. O comandante do batalhão deve prestar esclarecimentos sobre o cancelamento da ocorrência. Se fosse o inverso, o soldado estaria preso. Isso mancha a imagem da instituição", disse.

O delegado de trânsito Fabiano Contarato analisou a situação e disse que o militar pode responder por três crimes. “Houve o crime de resistência, pois ele se opôs a um ato legal que era a blitz, por crime de desacato, já que é possível ocorrer crime de desacato entre funcionários públicos mesmo se o desacatado foi inferior hierárquico, e ainda o crime de denunciação caluniosa, pois o tenente foi até a auditoria da Polícia Militar para denunciar os policiais que o abordaram sabendo que eram inocentes", falou.

O chefe da corregedoria da PM, o coronel Celante, informou que foi instaurado um inquérito policial para apurar os fatos. “Há vários relatos e vamos juntar todos para saber o que aconteceu. Quanto ao cancelamento, garantimos que tudo será investigado. Não sei em que circunstâncias ela foi cancelada e por ordem de quem. Com a conclusão, o documento é repassado ao MP, que vai verificar as provas e ver se há caso de indiciamento. Se for comprovado, os envolvidos podem responder por crime de natureza militar ou comum", comentou.

VIDEO:




Leia os diálogos registrados pelo Ciodes 

Policial: O tenente-coronel parou na fiscalização, parou não né, abordaram ele. Tenente-coronel Dirceu.

Major: Coronel Dirceu? Tô sabendo não, fala aonde foi isso?
Policial: Foi na Reta da Penha saindo da boate São Firmino. O sargento pediu a identificação dele, e ele só entregou a carteira de polícia. Aí o sargento devolveu a carteira para ele. Ele pegou o carro e foi embora, chapadão e não parou nem nada, deixou até os amigos para trás. Aí eu pedi para ele lançar no relatório dele e eu no meu relatório, se ele inverter a situação depois de bom é complicado.

Major: Qual foi a irregularidade que aconteceu?

Policial: O sargento pediu o documento do carro e a habilitação, mas o coronel entregou a identidade e falou que ele era coronel e que estava, tipo assim, como ele é da corporação ele não deveria ter sido parado, a partir do momento que ele falou que era coronel. O sargento falou que a gente estava na fiscalização e que a determinação era abordar todos os condutores que passarem por aqui, 'o senhor passou, pedi o documento e você me entregou só a identidade'.

Major: Eu oriento a você, ligar para seu subcomando ou comandante do batalhão, pegar a orientação com eles. Por que para eu comunicar aqui, não tem nem ocorrência, não tem nada, fica complicado. Aqui eu vou fazer uma CI tal, ligar para corregedoria e tudo mais. Acho que o batalhão tem como administrar essa situação da melhor maneira possível entendeu?

Policial: estou ligando para cancelar o número de uma ocorrência que eu gerei.

Ciodes: qual motivo?

Policial: foi uma ocorrência de abordagem que eu pedi para gerar.

Ciodes: mas por que você quer cancelar?

Policial: foi um determinação do major aqui que não há necessidade de ser gerado essa ocorrência.

Ciodes: foi qual major?

Policial: major Bongestab

Ciodes: ah tá. Então cancelar a ocorrência por determinação dele por achar que não deveria ter sido gerada né?

Policial: é

Fonte: ESTV

Cabo é punido por não liberar veículo de mulher de coronel em abordagem no trânsito

Mulher dirigia com criança de três anos no colo e sem cinto. Cabo foi transferido para Linhares


Mulher de coronel dirigia com criança de três anos no colo

Ainda de acordo com os documentos, o cabo e um soldado foram até a localidade de Palmeiras, em Guarapari, para recolher um carro que estava abandonado há mais de 15 dias. No caminho, se depararam com um Fusca conduzido por uma mulher e fizeram a abordagem padrão. Ela não portava documentos do veículo e nem pessoal, transportava três crianças menores de idade soltas no carro - com uma de aproximadamente 3 anos em seu colo. A mulher e as crianças não usavam cinto de segurança, além do veículo não estar licenciado.

Durante a autuação, um senhor chegou no local de bermuda e camisa gola polo, como frisa o documento, em um carro oficial. O homem questionou o que estava acontecendo, e após ouvir a resposta do cabo, retornou ao veículo e pegou uma identidade militar e se apresentou ao policial como sendo o coronel Henrique Grecco.

O praça, relata o documento, se portou militarmente ao coronel, que em seguida buscou o celular no carro e ligou para para o tenente-coronel Walace Brandão, então comandante do Batalhão da Polícia Rodoviária (BPRv), solicitando que o veículo fosse liberado do local, ao qual havia sido acionado o guincho para recolhimento em pátio e os procedimentos administrativos.
Foto: Reprodução
Reprodução
Tenente-coronel Walace Brandão garante que não deu ordem para liberar veículo
O documento relata que os militares do BPRv escutaram a conversa e entenderam que o tenente-coronel não teria liberado o veículo. Nesse momento, o coronel Henrique se dirigiu à sua esposa, a condutora do veículo, e determinou que ela retirasse o Fusca apreendido pelos militares daquele local. O cabo perguntou se esta seria uma determinação, e o mesmo afirmou que sim, e que poderia anotar as providências devidas que ele estava indo embora.

Tenente-coronel nega

Procurado pela reportagem, o então comandante do Batalhão de Trânsito, tenente-coronel Walace Brandão, não quis comentar o ocorrido para não atrapalhar as investigações do caso, que ainda está sendo apurado pela Corregedoria da Polícia Militar. Mas garantiu que não liberou a esposa do coronel Henrique Grecco, para não ferir a lei. “Não liberei. Garanto isso. Para não ferir a legislação. E sei que isso gerou uma série de consequências”, resumiu Walace Brandão.

Desdobramentos

Dias após o ocorrido, o coronel Henrique foi promovido ao Comando e Policiamento Ostensivo Especializado. O cabo, com 16 anos de Batalhão de Trânsito, foi transferido para o interior de Linhares, para o policiamento comum.

Procurado pela reportagem para falar sobre o caso, o presidente da Associação de Cabos e Soldados do Espírito Santo, Cabo Flávio Gava, confirmou a história e afirmou que as denúncias de abusos de poder por parte de altas patentes são frequentes.

A Polícia Militar foi procurada para se pronunciar sobre o caso, mas a assessoria de comunicação informou que a PM só vai se manifestar quando o inquérito for concluído.
Fonte: A Gazeta - Cidade

sábado, 26 de outubro de 2013

Luiz Eduardo Soares: "O Brasil tem que acabar com as PMs"

Uma das maiores autoridades do País em segurança pública, o professor diz que a transição democrática precisa chegar à polícia





“A massa policial está insatisfeita. Mais de 70% das polícias consideram o modelo atual equivocado”, diz ele 


Doutor em antropologia, filosofia e ciências políticas, além de professor e autor de 20 livros, Luiz Eduardo Soares é conhecido, mesmo, por duas obras: “A Elite da Tropa 1 e 2”, que inspiraram dois dos maiores sucessos de bilheteria do cinema nacional: “Tropa de Elite 1 e 2”. Considerado um dos maiores especialistas brasileiros em segurança, Soares, 59 anos, travou polêmicas em suas experiências na administração pública. Foi coordenador estadual de Segurança, Justiça e Cidadania do Rio de Janeiro entre 1999 e 2000, no governo Antony Garotinho, e Secretário Nacional de Segurança do governo Lula, em 2003. Bateu de frente com os dois e foi demitido. Nos últimos 15 anos, dedicou-se, junto com outros cientistas sociais, à elaboração de um projeto para modificar a arquitetura institucional da segurança pública brasileira, que, no entender do professor da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (Uerj), passa necessariamente pela desmilitarização das polícias e o fim da PM – como gritam manifestantes em passeatas. O trabalho virou a Proposta de Emenda Constitucional (PEC) 51, apresentada no Congresso Nacional pelo senador Lindbergh Faria (PT-RJ).


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"A PM vê o manifestante como inimigo. Para a grande massa, a 
polícia tem um comportamento abusivo, violador, racista, brutal”
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“A resistência de Geraldo Alckmin em enfrentar a brutalidade letal da
polícia está no coração da dinâmica terrível de ascensão do PCC"
 


"A PM vê o manifestante como inimigo. Para a grande massa, a polícia tem um comportamento abusivo, violador, racista, brutal”

Por que o sr. defende a desmilitarização da polícia? 

LUIZ EDUARDO SOARES -
Porque já passou da hora de estender a transição democrática à segurança pública. A Polícia Militar é mais do que uma herança da ditadura, é a pata da ditadura plantada com suas garras no coração da democracia. A polícia é uma instituição central para a democracia. E é preciso que haja um projeto democrático de reforma das polícias comprometido com o novo Brasil, com a nova etapa que a sociedade está vivendo. O Brasil tem que acabar com as PMs.

Deixar de ser militar torna a polícia mais democrática? 

LUIZ EDUARDO SOARES -
A cultura militar é muito problemática para a democracia porque ela traz consigo a ideia da guerra e do inimigo. A polícia, por definição, não faz a guerra e não defende a soberania nacional. O novo modelo de polícia tem que defender a cidadania e garantir direitos, impedindo que haja violações às leis. Ao atender à cidadania, a polícia se torna democrática.

Mas o comportamento da polícia seria diferente nas manifestações se a polícia não fosse militar? 

LUIZ EDUARDO SOARES -
Se a concepção policial não fosse a guerra, teríamos mais chances. Assim como a PM vê o manifestante como inimigo, a população vê o braço policial do Estado que lhe é mais próximo, porque está na esquina da sua casa, como grande fonte de ameaça. Então, esse colapso da representação política nas ruas não tem a ver apenas com corrupção política nem com incompetência política ou falta de compromisso dos políticos e autoridades com as grandes causas sociais. Tem a ver também com o cinismo que impera lá na base da relação do Estado com a sociedade, que se dá pelo policial uniformizado na esquina. É a face mais tangível do Estado para a grande massa da população e, em geral, tem um comportamento abusivo, violador, racista, preconceituoso, brutal.


Mas no confronto com traficantes, por exemplo, o policial se vê no meio de uma guerra, não é? 

LUIZ EDUARDO SOARES -
Correto. Mas esses combates bélicos correspondem a 1% das ações policiais no Brasil. Não se pode organizar 99% de atividades para atender a 1% das ações.


Como desmilitarizar uma instituição de 200 anos, como a PM do Rio? 

LUIZ EDUARDO SOARES -
Setenta por cento dos soldados, cabos, sargentos e subtenentes querem a desmilitarização e a mudança de modelo. Entre os oficiais, o placar é mais apertado: 54%. Mas a desmilitarização não é instantânea. Precisa de um prazo que vai de cinco a seis anos e que depois pode se estender. É um processo muito longo, que exige muita cautela, evitando precipitações e preservando direitos.


Como poderia ser organizada uma nova polícia? 

LUIZ EDUARDO SOARES -
Os Estados é que vão decidir que tipos de polícia vão formar. A Proposta de Emenda Constitucional (PEC) 51 define dois critérios de organização: territorial e de tipo criminal. Isso porque a realidade do Brasil é muito diversa. O melhor modelo policial para o Amazonas não precisa ser o do Rio. São realidades demográficas, sociológicas, topográficas e geográficas distintas.


Como funcionaria o modelo territorial? 

LUIZ EDUARDO SOARES -
Seriam corporações com circunscrição dentro dos municípios, regiões metropolitanas, distritos e o próprio Estado. Poderíamos ter polícia municipal ou na capital, o Estado é que definirá. São Paulo, por exemplo, tem tantas regiões distintas, com características diversas, que poderia ter várias polícias. Essa seria uma possibilidade. Muitos países têm polícias pequenas a partir de certas circunscrições. Então poderíamos ter desde uma polícia só, porque a unificação das polícias é possível, até várias dentro do mesmo Estado.


E o tipo criminal? 

LUIZ EDUARDO SOARES -
Teríamos uma polícia só para crime organizado, outra só para delitos de pequeno potencial ofensivo. Mas todas são polícias de ciclo completo, fazem investigação e trabalho ostensivo. Poderia ter polícia esta-dual unificada para delitos mais graves, que não envolvam crime organizado. E pode ter uma polícia pequena só para crime organizado, como se fosse uma Polícia Federal do Estado. São muitas possibilidades.


Como fica a União? 

LUIZ EDUARDO SOARES -
Poderia ter atuação destacada na educação policial. No Rio, para ingressar na UPP o policial é treinado em um mês. Em outros Estados, são oito meses. O Brasil é uma babel. Tem algo errado. Tem que ter regras básicas universais. Na polícia, a bagunça, a desordem e a irresponsabilidade nacional, consagradas nesse modelo, são de tal ordem que formamos policiais em um mês, que têm o mesmo título de outro profissional formado em um ano. É necessário que haja um Conselho Federal de Educação Policial, como existe Conselho Federal de Educação. E o Conselho tinha que estar subordinado ao Ministério da Educação, não no da Justiça.


Os policiais foram consultados sobre esses novos modelos? 

LUIZ EDUARDO SOARES -
Fiz uma pesquisa sobre opinião policial, junto com os cientistas sociais Silvia Ramos e Marcos Rolim. Ouvimos 64.120 profissionais da segurança pública no Brasil todo. Policiais, guardas municipais, agentes penitenciários. A massa policial está insatisfeita, se sente alvo de discriminação, de preconceito, recebe salários indignos, se sente abusada, sente os direitos humanos desrespeitados. Mais de 70% de todas as polícias consideram esse modelo policial completamente equivocado, um obstáculo à eficiência. E os militares se sentem agredidos, humilhados, maltratados pelos oficiais. Acham que os regimentos disciplinares são inconstitucionais. Pode-se prender sem que haja direito à defesa, até por um coturno sujo!


Mas isso não ajuda a manter a disciplina? 

LUIZ EDUARDO SOARES -
De jeito nenhum. Mesmo com toda essa arbitrariedade não se evita a corrupção e a brutalidade. Estamos no pior dos mundos: policiais maltratados, mal pagos, se sentindo desrespeitados, não funcionando bem. E a população se sentindo mal com essa problemática toda. E os números são absurdos: 50 mil homicídios dolosos por ano e, desses, em média, apenas 8% de casos desvendados com sucesso. Ou seja: 92% dos crimes mais graves não são nem sequer investigados.


É o país da impunidade? 

LUIZ EDUARDO SOARES -
Somente em relação ao homicídio doloso. Estamos longe de ser o país da impunidade. O Brasil tem a quarta população carcerária do mundo. Temos 550 mil presos, eram 140 mil em 1995.


O que mais é necessário para democratizar a segurança pública? 

LUIZ EDUARDO SOARES -
Precisamos de uma polícia de ciclo completo, que faça o patrulhamento ostensivo e o trabalho investigativo. Hoje temos duas polícias (civil e militar), e cada uma faz metade do serviço. Nosso modelo policial é uma invenção brasileira que não deu certo. Até porque quando você vai à rua só para prender no flagrante, talvez esteja perdendo o mais importante. Pega o peixe pequeno e perde o tubarão. Tem que ter integração. O policiamento ostensivo e a investigação se complementam.


O que mais é importante?  

LUIZ EDUARDO SOARES -
 É fundamental o estabelecimento de carreira única. Em qualquer polícia do mundo, se você entra na porteira pode vir a comandar a instituição, menos no Brasil. Hoje temos nas instituições estaduais quatro polícias de verdade. Na PM são os praças e oficiais. Na civil, delegados e agentes. São mundos à parte. Você nunca vai ascender, mesmo que faça o melhor trabalho do mundo, sendo praça. Mas para quem entra na Escola de Oficiais, o céu é o limite. Isso gera animosidades internas. Isso separa, gera hostilidade. E esse modelo tem que acabar na polícia. Isso é o pleito da massa policial.


O sr. foi secretário de Segurança e não fez as reformas. Por quê? 

LUIZ EDUARDO SOARES -
Por causa da camisa de força constitucional. Não podíamos mudar as polícias. Mas dentro dos arranjos possíveis fizemos o projeto das Delegacias Legais, que é uma das únicas políticas públicas do Brasil a atravessar governos de adversários políticos. São 15 anos desse projeto, apesar da resistência monstruosa que enfrentei. Fui demitido pelo (Anthony) Garotinho porque entrei em confronto com a banda podre da polícia. Após minha queda, policiais festejavam e o novo chefe de polícia dizia: agora estamos livres para trabalhar. Foi uma explosão de autos de resistência.


O crescimento do PCC se deve ao modelo policial vigente?

LUIZ EDUARDO SOARES -
Acho que a resistência do governador Geraldo Alckmin (PSDB-SP) em enfrentar a brutalidade letal da polícia, sua dificuldade em enfrentar a banda podre, de confrontar a máquina de morte, com a bênção de setores da Justiça e do Ministério Público, está no coração da dinâmica terrível de ascensão do PCC. Durante os primeiros anos, o PCC foi um instrumento de defesa dos presos, de organização que falava em nome da legalidade que era desrespeitada pelo Estado. Depois se dissociou das finalidades iniciais. Como já existia como máquina, poderia servir a outros propósitos, inclusive criminais. E foi o que começou a acontecer. O PCC deixou de ser instrumento de defesa para ser de ataque. Aí eles começaram a funcionar como uma organização criminosa.

FONTE - ISTOÉ