terça-feira, 22 de janeiro de 2013

Militares capixabas criam nova entidade para, enfim, brigar por reajuste salarial






Há pelo menos 10 anos, as entidades de classe dos policiais e bombeiros militares do Espírito Santo adotaram um certo tipo de pragmatismo que nem sempre agrada à maioria da tropa. Seus dirigentes sentam-se, primeiramente, com deputados e depois com o governo e, assim,  aprovam as reivindicações para a categoria.


Nos seus oito anos de governo, Paulo Hartung conduziu muito bem essa política. Chamou para si a atenção dos dirigentes de classe, garantiu para a categoria inúmeras promoções, instituiu a lei do subsídio – que prejudicou a maioria dos militares, como se vê agora –, mas manteve o ganho salarial abaixo das expectativas, além de ter sido o governo que menos recompôs o efetivo da Polícia Militar.

Procurou agradar, sobretudo, os dirigentes de classe, que em troca tiveram de segurar a pressão da base e, assim, não houve nenhum tipo de manifestação mais pesada, como aquartelamento, tão comum em governos anteriores.

O governo Renato Casagrande segue o mesmo modelo, embora tenha garantido que em junho de 2012 reajustaria a tabela dos subsídios, o que não aconteceu ainda.

Casagrande, de uma só tacada, promoveu mais de 3 mil militares, entre praças e oficiais, além de instituir a política de gratificação de função na PM e no Corpo de Bombeiros.

A política adotada pelo governo do Estado tem seus prós e contra. Um lado positivo é que o governo corrige distorções, ao possibilitar a promoção, principalmente, de  soldados. Hoje, ao passar de soldado a cabo, o profissional tem um ganho de pelo menos R$ 1 mil em seu contra-cheque.

Um dado negativo, entretanto, é que, ao deixar de reajustar os salários dos militares, o governo comete injustiça com os policiais  da reserva. Estes, não têm mais direito à promoção. Portanto, não sentirão no bolso a diferença salarial. E o que falar dos soldados novos? Estes só têm direito a  disputar eleição em entidades de classe depois do período probatório, que é de 10 anos.

É nesse vazio deixado pelos atuais líderes de classe, como a Associação  dos Oficiais (Assomes), Associação de Subtenentes e Sargentos (Asses), Associação dos Bombeiros Militares (ABMES),  Associação de Cabos e Soldados (ACS) e Associação dos Militares da Reserva, Reformados, da Ativa da Polícia Militar, do Corpo de Bombeiros Militar e Pensionistas de Militares do Estado do Espírito Santo (Aspomires), que entra uma nova entidade.

Trata-se da Associação Geral dos Militares do Espírito Santo (AGEM-PMBM), que vai ser apresentada à sociedade no dia 31 deste mês, às 19 horas, numa sessão solene a ser realizada na Assembleia Legislativa, na Enseada do Suá, em Vitória.


“Ao longo dos últimos anos houve um descaso por parte das entidades de classe dos militares. Seus dirigentes têm deixado de cumprir seu papel. Eles (dirigentes) se dividiram e não pensam num todo; cada um defende seus interesses e esquecem da maioria dos militares estaduais”, diz o soldado Maxson Luiz da Conceição, do Grupo de Articulação da AGEM-PMBM e que deverá ser o primeiro presidente da entidade.

“Houve uma assembleia geral e unificada  no Campo do Caixas, em fevereiro do ano passado, em que o governo mandou avisar que em junho de 2012 anunciaria o reajuste. Até hoje nada!. A ACS e a Asses só se interessam em promoções; a Assomes, além de ter garantido promoção, conseguiu gratificação de comando para os oficiais, o que é justo. Mas parte dos praças não conseguiu promoção, não tem gratificação e nem teve reajuste salarial. E o que sobra para os militares da reserva?”, indaga Maxson, que, em seguida, responde:

“Nada, porque eles não podem mais ser promovidos, não recebem gratificação e nem tiveram reajuste na tabela de subsídios”.

Segundo o soldado Maxson Luiz, a nova entidade vai lutar por reposição das perdas salariais. Ele disse que o governo tem corrigido o salário apenas em cima da inflação.

“A AGEM já conta com lideranças de peso, como o Capitão Assumção e major Dal Col, além do major Késio e o cabo Fernando Almança”, informou o soldado Maxson.

Segundo ele, a nova entidade vai permitir que se associem do aluno-soldado ao coronel.

Antes do lançamento oficial da entidade, seus dirigentes se reúnem na sexta-feira (25), às 20 horas, no Restaurante Recanto da Traíra, que fica ao lado do 4° Batalhão da PM (Vila Velha), no bairro Ibes. Em pauta, os detalhes finais do estatuto e da assembleia de fundação e composição do Conselho Deliberativo e Diretoria Executiva.


Nenhum comentário: