Enquanto alguns pares e superiores bem intencionados lutam para motivar os policiais militares a se empenharem na busca de resultados, ações em sentido contrário fortalecem a corrente dos que desistem da causa e aderem à bandeira da leniência.
Quem sobrevive a uma troca de tiros pode ter sua vida mudada, há danos psicológicos em maior ou menor escala. Outros carregam sequelas físicas, alguns infelizmente tombam, e apesar dos “operacionais”, “vibradores” e bem dispostos enfrentarem bravamente perigos diversos, se expondo a situações com alto grau de risco, não é uma situação normalmente desejada por quem deixa a família em casa e sai paratrabalhar.
O que dizer então de iniciativas voltadas para presumir culpado aquele que sobrevive a confronto, punindo-lhe sumariamente como se criminosa tivesse sido sua intenção? É a sensação que se pode ter ao constatar que a PMESP está criando uma pontuação voltada para aumentar os vencimentos de quem não se envolver em autos de resistência.
Ou seja, antes era só corajoso, agora só irresponsável vai se dispor a atender ocorrências onde possa haver confronto, porque é tido como certa a perda da gratificação. Como se não bastassem os inúmeros fatores que contribuem para a desmotivação dos policiais, chega-se ao cúmulo de escancaradamente fomentar o “corpo mole”, como parece ser o caso. Um projeto desses, ou se regulamenta deixando claro que o prejuízo será somente para os que agem comprovadamente à margem da lei, ou o bom policial vai ficar de pés e mãos atadas, e as grandes vítimas serão sociedade e instituição.
fonte: victor fonseca, estadão
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